Mapeamento de riscos: O que é, para que serve e como fazer?
28 de jul. de 2025

O mapeamento de riscos é uma ferramenta visual usada para tornar mais clara a compreensão dos riscos que uma organização enfrenta. O objetivo é que a alta administração da empresa tenha uma leitura mais precisa sobre seu perfil de exposição e tome decisões com base na natureza e no impacto desses riscos. A representação gráfica que reflete o mapeamento de riscos serve para que tanto os líderes quanto os colaboradores visualizem de forma integrada onde estão os pontos de atenção e quais requerem intervenção imediata.
A apresentação mais comum é por meio de uma matriz, em que a probabilidade de ocorrência é posicionada no eixo horizontal e a gravidade no eixo vertical, embora esse formato seja variável. Cada risco é representado como um ponto dentro dessa grade, agrupado conforme as categorias de probabilidade e impacto, o que facilita a priorização. Logo, os riscos posicionados acima de uma linha-limite são classificados como intoleráveis, exigindo resposta imediata. Por outro lado, os que permanecem abaixo dessa linha são vistos como aceitáveis, embora seu monitoramento ainda seja necessário. Vale notar que a linha de tolerância deve ser definida com base nos objetivos e apetite ao risco da organização.
Além das matrizes, o mapeamento também pode adotar o formato de mapas de calor, utilizando cores para representar o grau de exposição das unidades ou áreas da empresa. Outras representações gráficas ajudam a identificar padrões de aglomeração de riscos e evidenciam relações de causa e efeito entre eles. As representações são úteis na hora de revisar estratégias e reorientar esforços para áreas mais vulneráveis.
A Pesquisa de Maturidade do Processo de Gestão de Riscos 2024, da KPMG Brasil, mostra que apenas 59% das empresas possuem função dedicada de gestão de riscos, e 43% ainda não utilizam esse processo como base para o planejamento estratégico
Considerando a frequência com a estimativa de perdas, a organização consegue ter uma base concreta para decidir onde concentrar seus recursos. Inclusive para adotar medidas de eliminação, controle ou transferência do risco, tais como como seguros, por exemplo. O processo varia conforme o contexto institucional, pois cada organização adota um padrão próprio de tolerância, reflexo direto de sua cultura de risco.
No combate à corrupção, o mapa de riscos é um instrumento eficaz para detectar brechas nos processos internos que favorecem práticas irregulares. Diferente de outras práticas que se baseiam na percepção ou em casos comprovados, aqui o foco está na possibilidade de ocorrência, o que favorece ações preventivas antes que o problema se materialize.
O que é mapeamento de risco?
Mapeamento de risco é a prática de identificar ameaças que possam causar danos ao negócio e comprometer o fluxo das atividades, assegurando a continuidade dos processos e protegendo a empresa contra possíveis perdas.
Com essa visão clara, os gestores conseguem direcionar seus esforços para ações estratégicas que evitem, minimizem ou controlem os riscos detectados, sempre respeitando os princípios éticos e a conformidade legal. Além disso, reconhecer e gerenciar os riscos fortalece a segurança operacional e contribui para o aprimoramento constante dos sistemas produtivos.
Para que serve o mapeamento de risco?
O mapeamento permite identificar os pontos vulneráveis que podem afetar a operação e a imagem da empresa, classificando os riscos segundo sua relevância, grau de ameaça e chance de ocorrência.
Com essa análise, a empresa consegue priorizar iniciativas preventivas para neutralizar essas ameaças de forma mais eficiente.
Logo, o mapeamento de risco serve para identificar antecipadamente os fatores que podem comprometer o desempenho das operações e a reputação da empresa. Com essa ferramenta, é possível classificar os riscos conforme sua gravidade, impacto e probabilidade de ocorrência, o que facilita o direcionamento de recursos e esforços para preveni-los.
É importante ter clareza sobre os riscos presentes para implementar medidas eficazes para evitar ou reduzir os efeitos negativos, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e estável. Além disso, esse processo contribui para a conformidade legal, a ética nos negócios e a continuidade das atividades, minimizando prejuízos e fortalecendo a confiança de clientes, parceiros e colaboradores.
Avaliação dos riscos
O risco normalmente é entendido como a presença de falhas institucionais, mas também pode ser entendido como resultado da interação entre fatores objetivos como permissividade institucional, por exemplo. Alguns modelos quantificam o risco multiplicando probabilidade por impacto, enquanto outros o avaliam a partir da comparação entre o sistema atual e um sistema considerado ideal.
Há empresas que se limitam a identificação de vulnerabilidades com base em fontes secundárias, e outras adotam um processo composto por etapas detalhadas de mensuração de impacto e frequência, priorização e desenvolvimento de planos específicos de resposta.
Independentemente do formato escolhido, o mapeamento de riscos é um instrumento estratégico para reduzir incertezas e apoiar decisões mais seguras. Quanto mais alinhado estiver à estrutura e cultura organizacional, maior será seu impacto.
Três categorias principais de risco
Embora as ameaças sejam inúmeras e variem conforme o tipo de organização, de maneira geral, os riscos se dividem em:
1 – Riscos Legais
Também chamados de riscos jurídicos, envolvem a possibilidade de prejuízos financeiros e até implicações criminais para os responsáveis, decorrentes do descumprimento das normas vigentes. Ou seja, a empresa pode estar operando fora da conformidade legal.
Entre esses riscos estão fraudes e questões regulatórias que impactam a relação com fornecedores. Por exemplo, a contratação de um fornecedor envolvido em práticas ilícitas pode comprometer a reputação da empresa e afetar diretamente seus resultados.
2 – Riscos Operacionais
Referem-se a eventos adversos causados por falhas humanas ou mecânicas, processos inadequados ou recursos desatualizados.
Um exemplo prático ocorre no setor de compras, quando uma transportadora não cumpre prazos ou entrega os produtos em condições inadequadas, gerando insatisfação do cliente, custos extras e impacto negativo na imagem e nas vendas da empresa.
Outras fontes comuns de riscos operacionais incluem questões organizacionais, processos e gestão de pessoas.
3 – Riscos de Imagem
Também conhecidos como riscos reputacionais, esses riscos surgem de situações internas ou externas que podem prejudicar a percepção da empresa perante o mercado, afetando sua competitividade a médio e longo prazo.
Uma gestão inadequada desses riscos pode levar à perda de clientes, danos à reputação e dificuldades para acessar novos mercados ou oportunidades.
Eles se subdividem em quatro grupos principais:
risco ético, envolvendo fraudes e corrupção;
risco financeiro, relacionado a inadimplência;
risco de produto, ligado à qualidade de bens e serviços;
risco de segurança, envolvendo proteção física e digital.
Como fazer o mapeamento de risco?
O mapeamento de risco é uma etapa estratégica para que a empresa compreenda de forma clara e detalhada as ameaças que podem comprometer seus processos, seus resultados e sua sustentabilidade no mercado. Esse processo deve ser conduzido com rigor metodológico, envolvendo todas as áreas relevantes e utilizando ferramentas que permitam uma análise precisa e prática. Abaixo, segue o passo a passo efetivo para a implementação do mapeamento de risco, que vai além de simples listas e abrange avaliação técnica, priorização e planejamento.
1. Definição do escopo do mapeamento
Antes de iniciar, delimite o escopo, ou seja, entenda quais processos, áreas, fornecedores ou operações serão analisados. É fundamental entender o ambiente interno e externo da organização para contextualizar os riscos, incluindo aspectos legais, regulatórios, mercadológicos e tecnológicos que afetam o negócio.
2. Coleta e análise de dados detalhada
Realize um levantamento de informações por meio de entrevistas com gestores e colaboradores, análise documental, revisão de auditorias anteriores e consultas a especialistas. Busque dados quantitativos e qualitativos que revelem vulnerabilidades específicas e pontos críticos.
3. Identificação dos riscos
Utilize técnicas como brainstorming direcionado, análise de cenários e estudo de falhas anteriores para catalogar ameaças concretas, sejam elas falhas de processo, riscos de não conformidade, problemas logísticos, fraudes ou ameaças à reputação. Cada risco deve ser descrito com clareza, explicando sua origem e possível impacto. Use ferramentas como brainstorming, análise SWOT e consultas com especialistas.
4. Avaliação técnica dos riscos
Classifique os riscos conforme a probabilidade de ocorrência e o impacto financeiro, operacional, legal e reputacional que podem causar. Utilize métricas quantitativas sempre que possível, por exemplo, estimativas de perda financeira ou tempo de inatividade. A avaliação deve ser feita por equipe multidisciplinar para evitar vieses.
5. Priorização com base em matriz de risco
Organize os riscos em uma matriz que relacione probabilidade e impacto, segmentando-os em níveis de criticidade. Essa priorização é essencial para concentrar os esforços na mitigação dos riscos que podem causar os maiores danos.
6. Elaboração de planos de ação
Para os riscos prioritários, defina medidas claras e objetivas: prevenção, mitigação, transferência (como seguros) ou aceitação, quando aplicável. Especifique responsáveis, recursos necessários, cronogramas e indicadores para monitorar a eficácia das ações.
7. Formalização
Documente todo o processo, desde a metodologia adotada até os resultados das avaliações e as estratégias definidas. A formalização garante transparência, facilita auditorias e serve como base para decisões futuras.
Planejamento estratégico e cultura de risco
O mapeamento dos riscos deve estar alinhado ao planejamento organizacional, pois ambos se retroalimentam. Logo, par avaliar os riscos que ameaçam os objetivos da organização, especialmente os relacionados à corrupção, é essencial direcionar ações estratégicas. A integração do mapeamento de riscos com o planejamento da empresa permite abandonar visões isoladas, substituindo análises fragmentadas por uma estrutura sistêmica, com metas mais amplas e alinhadas à missão institucional.
Para que essa estratégia funcione, os esforços de identificação, avaliação e resposta aos riscos precisam estar coordenados e inseridos numa mesma linha de atuação. Isso implica otimização de recursos e decisões orientadas por uma visão integrada do futuro da organização.
Finalidades do mapeamento de riscos
O processo de mapeamento tem como metas identificar e relacionar os riscos, estabelecer uma base para a construção de uma estratégia sólida de gestão, avaliar o tratamento vigente em contraste com o cenário ideal, identificar os riscos que permanecem mesmo após a aplicação das medidas de controle e, acima de tudo, transmitir essas informações de maneira transparente à liderança e a todos os participantes envolvidos.
Vantagens do mapeamento de riscos
Visualizar riscos em gráficos permite uma leitura imediata do que precisa de atenção, facilitando a realocação de recursos e a reavaliação de prioridades. Por esse motivo, o mapeamento de riscos deve ser integrado à estrutura organizacional, para que não sejam tomadas decisões que parecem corretas isoladamente, mas que na verdade são inadequadas ao serem confrontadas com o panorama geral.
Pensando em ações anticorrupção, essa ferramenta complementa as percepções já existentes, orientando políticas e reforçando a responsabilização da alta gestão, que passa a ter conhecimento documentado das vulnerabilidades e caminhos possíveis para corrigi-las.
Conclusão
O mapeamento de riscos é essencial para que a empresa identifique vulnerabilidades que impactam processos e resultados por meio de práticas consistentes para direcionar recursos para onde o risco é maior, evitando perdas e melhorando a tomada de decisão. Além disso, é preciso integrar esse processo à gestão operacional para que haja maior controle e alinhamento estratégico. A Kronoos desenvolveu soluções eficazes para o mapeamento de riscos da sua empresa. Converse com um de nossos especialistas e saiba mais!